

Sindicalistas apontaram a burocracia, a lentidão e a instabilidade nos julgamentos pelo Poder Judiciário como um relevante fator a inibir a reação das vítimas junto aos assediadores
Integrantes da Frente Sindical e Associativa contra Formas de Assédio no Serviço Público discutiram, na última quarta-feira, 17, as diversas possibilidades de ampliar a conscientização e dar maior publicidade a casos de assédio, tanto iniciativa privada, quanto no serviço público. Os participantes também examinaram um Projeto de Lei que tramita no Congresso Nacional com objetivo de combater a prática.
Segundo os sindicalistas, diversas modalidades de assédio estão enraizadas na cultura brasileira. Além disso, a falta de informação e o desconhecimento da população sobre o que é assédio moral faz com que muitas vítimas não se percebam assediadas. De acordo com o coordenador da Frente e presidente do Sinditamaraty, Alexey van der Broocke, há pouca vontade política por parte dos poderes Executivo e Legislativo em trabalhar por uma lei que possa combater, com eficiência, os diversos tipos de assédio que os trabalhadores brasileiros sofrem na execução de suas atividades. “Esta gestão perdeu a grande oportunidade de combater essa prática junto a servidores do estado”, defendeu Alexey.
Durante as discussões em torno do tema, os sindicalistas apontaram a burocracia, a lentidão e a instabilidade nos julgamentos pelo Poder Judiciário como um relevante fator a inibir a reação das vítimas junto aos assediadores. Os integrantes aproveitaram a ocasião para analisar o Projeto de Lei (PL 7086/2014), de autoria da deputada Iriny Lopes (PT-ES), que, além de criar regras de combate a este tipo de assédio na esfera pública, dispõe sobre normas de equidade de gênero e raça, de igualdade das condições de trabalho, de oportunidade e de remuneração no serviço público.
Ao analisarem os detalhes do projeto, os sindicalistas defenderam a inclusão de uma emenda que tipifique o assédio moral como, também, a elaboração e inclusão de um texto que penalize a conduta de quem faz denuncia de assédio para atingir, de maneira caluniosa, profissionais de hierarquia superior e (ou) inferior dentro do ambiente de trabalho. Os integrantes da Frente decidiram marcar uma audiência com a deputada Iriny, com o objetivo de apresentar sugestões à proposta da parlamentar.
Como estratégia para dar maior publicidade aos diversos casos de assédio, a Frente está buscando caminhos, junto à imprensa brasileira, de sugerir diversas abordagens que deem maior visibilidade a o tema, tanto em programas noticiosos, como, também, nas consagradas telenovelas brasileiras. A ideia é mostrar para a sociedade que o ambiente de trabalho, no Brasil, tem se caracterizado por numerosos casos de assédio tanto no serviço público quanto na iniciativa privada. A análise da problemática revela que prática é responsável por graves humilhações, injúrias, difamações e, em muitos casos, até mesmo suicídios.
Em carta que será encaminhada à Rede Globo, a Frente argumenta que o problema representa uma chaga em todos os ambientes de trabalho e que, por esta razão, merece ser explorado amplamente nos diversos instrumentos de comunicação de que dispõe a emissora, tais como: novelas, telejornais, programas de auditório, entre outros. “A Frente Sindical e Associativa contra as Formas de Assédio no Serviço Público entende como necessário constituir nos lares brasileiros, foco de instigação ao saneamento do ambiente de trabalho”.
A Frente enviará solicitações semelhantes a todas as outras emissoras de TV com a meta de colocar, em definitivo, a temática do assédio em ambientes de trabalho na agenda social brasileira. Participaram do encontro representantes da CSPB, do Sinditamaraty, do Sindfazenda, da Fenafisco, do Sinasempu e da OAB sindical.