Na proposta reformulada, um professor universitário com carga de 40 horas semanais, mestrado e estando no último nível da carreira receberá R$ 5.832,66 (até 2015).
A presidente Dilma Rousseff decidiu conceder um reajuste salarial linear para servidores de carreiras básicas do Executivo que estão com os vencimentos mais achatados, além de aumentos diferenciados para militares e carreiras específicas, com base no conceito da meritocracia.
O anúncio será feito na primeira quinzena de agosto, após a apresentação de novas medidas de estímulo à economia, mas os índices ainda não foram definidos e os aumentos só vão valer a partir de 2013. Ontem, o governo melhorou a proposta de reajuste para os professores das universidades federais em greve há mais de dois meses, mas ainda não há uma definição sobre o fim da paralisação.
Pela nova proposta, apresentada em reunião no Ministério do Planejamento, os reajustes vão variar de 25% a 40%, em vez de começar com 12%, como na proposta anterior. Os negociadores do governo já avisaram que chegaram no limite. Com a nova proposta, o impacto financeiro, que seria de R$ 3,9 bilhões, passou para R$ 4,2 bilhões. E a concessão do reajuste será antecipada para março, em vez de agosto de 2013.
Na proposta reformulada, um professor universitário com carga de 40 horas semanais, mestrado e estando no último nível da carreira receberá R$ 5.832,66 (até 2015). Na proposta anterior, chegaria até R$ 5.502,51. Hoje esse professor ganha R$ 4.572,16. Os dois sindicatos que representam os professores estão divididos.
Considerando que o aumento linear para as carreiras básicas do Executivo em 2013 seria a reposição da inflação de 2012, ou um pouco mais, esse impacto seria de R$ 7,5 bilhões a R$ 8 bilhões sobre a folha de pagamento do governo deste ano, que é R$ 152,5 bilhões. Isso sem contar os reajustes diferenciados. Muito distante, portanto, do impacto projetado pelo Planejamento caso o governo atendesse todas as reivindicações dos servidores em greve: R$ 92 bilhões.
Para os militares, o reajuste deve ser mais amplo, porque já há uma percepção no governo de que é a carreira mais defasada salarialmente. Dados do Ministério do Planejamento indicam que a despesa média da União com os militares da ativa aumentou bem menos do que com os civis ativos: cresceu 123% entre 2003 e 2012 para os civis e 78% para os militares, contra uma inflação de 52,7% no período.
Além disso, as tensões na caserna, que se acirraram com a criação da Comissão da Verdade, precipitaram a decisão do governo. Foi bem recebida pela presidente Dilma a atuação dos oficiais, que refrearam o movimento rebelde da reserva quando a comissão foi instalada. Ontem, Dilma teve nova reunião com o ministro da Defesa, Celso Amorim, e com os chefes das Forças Armadas.