Eles andam no sol e na chuva, e são o primeiro contato com todas as famílias brasileiras, sem nenhuma distinção, dos pobres aos milionários. São a porta de entrada de centenas de dados que ouvimos diariamente. Essa classe de profissionais da saúde é quem sabe se está alto ou baixo o índice de dengue numa cidade, pois são eles que recebem as informações dos sintomas de pessoas acamadas com sintomas da doença. São eles que atuam na Atenção Primária da Saúde, que anotam os dados bimestrais de toda a população de cada cidade, no perímetro urbano, e na zona rural.
Os números comprovam a importância dessa categoria. No país existem 265 mil agentes comunitários que atuam no campo da Saúde da Família e 61 mil agentes de combate às endemias (dados divulgados pelo Governo Federal em janeiro de 2023), desse número 43 mil somente em Minas Gerais, o estado com maior número de Agentes Comunitários de Saúde e de Agentes de Endemias do Brasil. E foi neste ano que eles foram reconhecidos e contemplados com o piso salarial. Mas há muito o que buscar ainda para os profissionais que andam de casa em casa, que concretizam o que essa frase significa ‘a saúde não é um comércio, e sim um direito inerente a todo ser humano’. Para abordar a situação desses profissionais que atuam em municípios de Minas Gerais, São Paulo e Rio de Janeiro, e que participaram da 1ª Conferência Regional dos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Endemia é que esse encontro aconteceu durante todo o dia 10 de novembro em Araxá.
No pronunciamento de Priscila Dayane Apolinário da Silva, representante dos agentes comunitário e de endemias junto a Sinplalto, agente comunitária há 12 anos atualmente locada no ESF do bairro Jardim das Oliveiras em Araxá, ela descreveu parte do que faz esses profissionais “levo alento a quem chora, consolo aqueles que têm dores, sou a mão amiga dos vulneráveis, sou a escuta atenda e delicada daqueles que precisam falar. Dou voz a quem não tem, vejo os invisíveis, acolho a quem necessita no momento de fragilidade. Acredito num atendimento técnico e profissional, sem perder de vista a humanização”.
O deputado federal Fred Costa esteve no período da tarde no evento e ressaltou que “desde que a CONACS iniciou seu trabalho em Brasília foram 9 leis criadas em defesa da classe. Vamos lembrar ainda do maior marco que foi o piso salarial, somente duas categorias conseguiram esse feito nos últimos dois anos, ACS e enfermeiros. Agora temos muito o que fazer, grau máximo, parcela adicional de salário no final do ano e a desprecarização do vínculo”.
A busca pela melhoria da classe continua, a troca de experiência de como executam o trabalho no dia a dia, e as lutas que ainda precisam ser alcançadas por muitos participantes foi o momento de desabafar sobre os altos e baixos da profissão, apesar de ter o reconhecimento financeiro, com o piso salarial, ainda há direitos básicos, que se mantendo juntos, serão solicitados junto à cada Prefeitura. Os deveres desses profissionais também foram descritos no decorrer da Conferência.
O médico reumatologista e acupunturista Dr. Carlos Augênio Ribeiro Parolini, pontuou que para estar atuando com tamanha eficácia, como a profissão exige, é necessário estar com o corpo e mente sã, movimentando os 400 músculos que temos com plenitude, e a partir disso poder exercer a profissão com maestria, evitando lesões e dores. Finalizou a palestra “A transcedência do Agente de Saúde e Endemias na Atenção Primária” com uma ginástica laboral de 3 minutos, demonstrando que há como ter qualidade de vida mesmo com a vida tão corrida. Finalizando a sequencia de palestras, o advogado de inúmeros sindicatos de diferentes regiões de Minas Gerais, Eldbrendo Pereira Monteiro, pontuando todos os direitos dos mais de 230 Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Endemias presentes no evento falando sobre “A relação jurídica e direitos dos Agentes de Saúde”, onde detalhou a importância dos profissionais para uma nação.
A organização do evento é uma parceria do SINPLALTO (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais das Prefeituras, Câmaras e Autarquias da Micro Região do Planalto de Araxá), SISEMS (Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Sacramento), SINDACS/ACE (Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias de Unaí/MG e Região), com apoio da CONACS (Confederação Nacional Agentes Comunitários de Saúde e Agentes de Combate às Endemias), FESERV-MG (Federação Independente dos Sindicatos dos Servidores Públicos Municipais das Prefeituras, Câmaras, Autarquias, Institutos de Previdência, Servidores Contratados, Consursado, Comissionados, Servidores dos PSFs e PCAs, Servidores das Guardas Municipais e Autarquias do Estado de Minas Gerais), e da SON (Sindicatos Online).